domingo, 29 de maio de 2011

Gravidez e Exercício Físico


Desde muito tempo atrás, sabe-se que o exercício pode trazer diversos benefícios à mulher grávida, segundo Vaughan (1951), no final do séc III a.C., Aristóteles já atribuía dificuldades do parto à vida sedentária das mães. Hoje, é cada vez mais comum a presença de gestantes em academias, clubes ou em locais que oferecem aulas para esse público, porém, algumas questões ainda provocam duvida referente à realização de exercícios físicos no período gestacional. Esse período é caracterizado por diversas mudanças no corpo da mulher que vão desde as adaptações anatômicas até as alterações hormonais, assim, abaixo estão relacionadas as principais alterações e possíveis benefícios que a prática correta dos exercícios pode trazer para as futuras mamães.
  
       - O ganho de peso aumenta a sobrecarga nas articulações, principalmente dos quadris, joelhos e tornozelos, portanto, a prescrição de exercícios de impacto deve ser vista com atenção; 
       - Lombalgias são comuns devido à alteração do centro de gravidade decorrente do ganho de peso na região anterior do corpo o que também contribui para a diminuição do equilíbrio e aumento do risco de quedas. O fortalecimento do core é bastante importante nessa fase, entretanto, atentar para que essas compensações sejam amenizadas e não enfatizadas; 
        - Com o aumento da produção de estrogênio e relaxina (hormônio responsável pelo relaxamento do tecido conectivo), ocorre maior frouxidão articular; sendo assim, a prevenção de lesões deve ser feita tomando cuidado com hiperextensões e hiperflexões articulares; 
         - Alterações hemodinâmicas como o aumento da frequência cardíaca, débito cardíaco e retorno venoso devem ser consideradas, alem disso, a prescrição do exercício utizando a frequência cardíaca deve ser ponderada devido a essas alterações. Ainda assim, após o 3º trimestre a posição supina ou decúbito dorsal deve ser evitada, pois pode provocar obstrução do retorno venoso, alterando o débito cardíaco.

Orientações para a realização do exercício:

      - Atividades como, caminhada, bicicletas estacionárias, natação e hidroginástica são as mais adequadas para o programa de exercícios aeróbios. Exercícios resistidos também são aconselhados, porém, desde que respeitem as particularidades citadas acima. De acordo com a ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists), são contra-indicados exercícios com cargas elevadas e isométricos; 
      - Exercícios de alongamento devem ser baseados no relaxamento muscular e não no ganho de flexibilidade e amplitude articular; 
      - Para que a grávida não se exercite acima do limiar anaeróbio, além da freqüência cárdica, outros parâmetros podem ser considerados como a utilização de tabelas de esforço subjetivo ou mesmo o teste da fala; 
      - É de extrema importância que a reposição de calorias esteja em equilíbrio com os gastos, durante e após os exercícios; 
      - Na presença de alguns sinais como: sangramento vaginal, dispnéia, dor no tórax, cefaléia, entre outros, o exercício deve ser interrompido imediatamente.
Portanto, devemos entender que o condicionamento físico não é o foco do exercício para gestantes, havendo necessidade de diminuição da intensidade e da duração conforme a evolução da gestação. Dentre outros objetivos desse programa de exercícios temos: melhorar a consciência corporal, estimular o autoconhecimento, diminuir o estresse físico e mental, manutenção do peso e das capacidades físicas, preparar para o parto e pós-parto.

IMPORTANTE: errar na escolha da modalidade ou na execução dos exercícios pode trazer prejuízos, pois os danos podem ser irreversíveis para a mãe e o feto. Sendo assim, busque uma boa orientação de seu médico e de seu treinador, a comunicação entre os profissionais envolvidos é de extrema importância para que os benefícios possam ser alcançados!