Renda mais alta e alimentos práticos “facilitam” a vida do brasileiro, mas tem reflexos na saúde
Recentemente o Ministério da Saúde divulgou vários dados sobre a pesquisa Saúde Brasil onde foi possível observar uma queda de 17% no número de mortes provocadas por doenças crônicas no Brasil entre 1996 e 2007. Porém, na contramão dessa queda esteve o aumento no número de mortes por diabetes que foi de 10%.
É possível fazer uma correlação desse aumento das mortes por diabetes com outros dados, desta vez, publicados pelo IBGE e que dizem respeito a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), onde nota-se que famílias com mais renda consomem mais gorduras e menos carboidratos. De acordo com a pesquisa, em famílias com ganhos superiores a seis salários mínimos (cerca de R$ 3 mil), o limite de 30% de gorduras das calorias totais é ultrapassado, além disso, em famílias com que ganham a partir de 15 salários mínimos (cerca de R$ 7,6 mil), do total de carboidratos consumidos (55%), cerca de 30% correspondem a açúcares livres, ou seja, açúcar de mesa, mel e açúcares que, quando adicionados a alimentos processados, aumentam a glicemia sanguínea.
Ainda segundo essa pesquisa, conforme aumentam os rendimentos também aumenta o consumo de leite e seus derivados, frutas, verduras, legumes, gordura animal, bebidas alcoólicas e refeições prontas. Por outro lado, alguns alimentos são menos consumidos na medida em que os rendimentos sobem, esses alimentos são feijões, leguminosas, cereais e derivados, arroz, raízes e tubérculos. Além disso, também há redução no consumo do açúcar de mesa e aumento no consumo de refrigerantes, elevação no consumo da carne bovina e de embutidos. O gasto com refeições feitas fora de casa foi outro item da pesquisa que também aumentou.
Mais não é só isso, o famoso “feijão com arroz” também vem perdendo espaço para os alimentos industrializados e semiprontos. Alimentos preparados e misturas industriais como as pizzas congeladas e misturas para bolos, tiveram um aumento de 37% comparando-se 2009 com 2003.
Levando essas informações em consideração, podemos perceber que estão ocorrendo mudanças nos padrões de alimentação do brasileiro. Maior oferta de produtos e falta de tempo para o preparo das refeições pode levar as pessoas a substituir os produtos tradicionais pelos mais práticos, além de fazer mais refeições fora de casa.
A diabete tipo 2, a mais comum, está relacionada a obesidade e a maus hábitos. Conforme dados da vigilância em saúde do Ministério, quase metade dos brasileiros está acima do peso e provavelmente a união dos fatores discutidos no texto pode ter levado a esse aumento da taxa de mortalidade da diabetes. Sendo assim, mudanças nos hábitos como praticar exercícios físicos e ingerir alimentos saudáveis são importantes na prevenção e no controle dessa doença.